domingo, 18 de outubro de 2009

O PRESENTE.





Acordei pela manhã, com o som estridente da campainha, tentei ignorar, mas a insistência me fez levantar e ainda sonolenta fui atender a porta, era um entregador com uma caixa, fiquei espantada.
Curiosa, olhei a caixa vermelha e preta, achei linda, e abri sem entender, o que via no primeiro momento, pensei tratar-se de um engano, tinha um par de botas pretas, de canos longos e saltos enormes, um vestido curtíssimo também preto de seda, lindo, mas parecia uma minúscula camisola, peguei o pequeno envelope com um cartão li o bilhete “Vista-se hoje para a nossa comemoração, e esteja pronta na portaria pontualmente às 20hs”.
Sentia o tecido em minhas mãos, encantada com sua maciez sentindo o levemente gelado. Pensei comemorar? Comemorar o que?
Já fazia algum tempo que estávamos juntos, um relacionamento tumultuado, cheio de conflitos, idas e vindas.
Pensei em juntar tudo e colocar no lixo, quando peguei a caixa vi no fundo um colar, na verdade uma coleira, preta e bordada com pedrarias. Achei linda, não resisti e coloquei, não sei porque me emocionei, senti algo estranho, mágico, senti meus olhos encherem de água fiquei algum tempo emocionada olhando o adorno em meu pescoço. Acho que minha relação estava muito desgastada. Estava chorando a toa, amava meu namorado, ele me completava como mulher, mas era extremamente dominador, e às vezes se mostrava super arrogante. Vivíamos em “guerra” e eu sempre acabava  cedendo e me sujeitando à sua vontade.
Resolvi entrar na brincadeira e ver até onde ia tudo aquilo.
Bem já que ia entrar na brincadeira da comemoração, resolvi tirar o dia para cuidar da beleza. Meu dia se dividiu entre salão de beleza, cremes, banhos e massagens.
Na hora de me vestir percebi que não tinha peças intimas, para usar com aquele tipo de roupas, nada em meu guarda roupa combinava com o vestido. Olhei-me no espelho toda calcinha que colocava marcava, sem pensar tirei a calcinha, fiquei sentindo o tecido em contato com meu corpo, sua maciez, sua temperatura me causava arrepios, meus seios ficaram rígidos e arrepiados, calcei as meias pretas rendadas e longas, as botas, por fim completando o ritual o perfume, que sabia que meu companheiro amava e claro a “coleira mágica”, estranho novamente a mesma emoção, uma vontade de chorar inexplicável, pensei na maquiagem, e me controlei.
Surpreendi-me com minha imagem refletida no espelho, estava “linda”, fiquei sem ar, pensei em meu companheiro o que será que ele pretendia? Olhei no relógio faltavam 10 minutos para o horário combinado, sabia o quanto que atrasos o deixavam nervoso e resolvi começar a noite na paz e desci até a portaria. Caminhei de cabisbaixa me sentindo incomodada, pelos olhares. Em frente ao meu prédio, arrumei um lugar discreto, olhei no relógio e fiquei aliviada, já estava na hora combinada, ele sempre era pontual, não teria que esperar muito.
Mas o tempo foi passando eu ficando nervosa, ligava a cada 5 minutos, só caixa postal, ele já estava muito atrasado. Eu ali me sentindo uma prostituta vestida para um “programa”. A esperança de um programa legal, já tinha ido embora junto com minha paciência, odiava esperar e meu humor já estava péssimo pensei em subir tirar essa roupa ridícula, deitar na cama e chorar até cansar. Mas algo me impedia de me mexer, pensava em qual desculpa ele usaria: pelo atraso, por não atender o celular.
Já estava incontrolavelmente nervosa quando avistei o carro, ele pra me irritar mais parou o carro bem mais na frente o que forçosamente tive que caminhar, até o carro. Senti seu olhar penetrante me olhando pelo retrovisor, entrei sem olhar pra ele, pude perceber seu riso cínico, esperava que ele explicasse o que aconteceu, ele não tocou no assunto agia como se nada tivesse acontecido.
Pensei no programa, pelos meus trajes algum “motelzinho barato” pra realizar alguma fantasia doida dele.
Rodamos, por algum tempo eu me controlando para me manter calma, ou melhor, apresentar tranqüilidade. Fiquei super surpresa quando ele parou em frente ao restaurante mais badalado da cidade. Olhei pra ele apavorada sem entender nada, disse que não entraria ali, vestida daquele jeito nem morta.
Ele me olhou firme, não disse nada, desceu do carro deu a volta e abriu minha porta, estendendo-me a mão, gelei sem dizer nada abaixei os olhos e desci do carro. Caminhei atrás dele de cabeça baixa, estava incomodada pelos olhares, me sentia uma “puta”, mas estranhamente me sentia protegida. Já tínhamos reservas e caminhamos até a nossa mesa. Fiquei em silêncio, queria saber até onde ia parar tudo aquilo, seu autocontrole me irritava, ele nunca perdia o controle de nada.
Tentava parecer natural, mas ele me conhecia muito, e às vezes via em seu olhar de novo aquele sorrisinho. Não conseguia mais disfarçar. Já estava a ponto de explodir. O garçom se aproximou, fez algumas “gracinhas” dando a entender que sabia o eu era, fiquei puta da vida ele nem me defendeu, e ainda riu, eu fiquei puta da vida  e nem consegui escutar a escolha do prato.
Ele ficava me provocando, me humilhando, perguntando que será se tivesse contratado uma profissional não seria melhor? Se eu estava me sentindo desconfortável? Se eu queria ir chorar na minha cama? Sempre comentando meu tipo de roupa que agora tinha descoberto meu estilo. Que nunca me apresentara tão bem na sua presença. Que esse estilo “kadela de coleira” combinava perfeitamente comigo. Qual a cor da minha calcinha? Se não tinha vergonha de sair sem calcinha? Eu me controlava para não chorar, não sair correndo. Queria ver ate aonde ele ia. Pelo jeito era o fim do relacionamento e ele queria me humilhar. Pensar isso me desesperou, as humilhações perderam a importância, senti as lágrimas escorrerem, eu não saberia ficar sem ele. O café chegou, eu já estava sem forças. Pensar em abandono me apavorava. Pedi para irmos embora. Ele riu disse pra eu ir. Tentei respirar, não reagir, mas não consegui, fiquei em pé e ergui o tom de voz, insistindo para irmos, já estava exausta não tinha mais forças e não sabia onde ia parar tudo aquilo? Percebi que chamei a atenção das pessoas no restaurante. Tudo que precisava naquela hora, que burra, agora sim morreria de vergonha. Já não controlava mais as lágrimas. Ele calmamente levantou me olhou firme nos olhos e sentou um tapa estralado no meu rosto, fiquei sem reação, minha vontade era sair correndo, mas estava paralisada, com a mão no rosto sentindo as lágrimas escorrendo. Um arrepio percorreu meu corpo. Podia ouvir os comentários sussurrados da platéia, a única coisa que consegui fazer foi baixar os olhos e não encará-lo. Ele calmamente pagou a conta e saiu. Eu fui atrás cabisbaixa me sentindo fraca, sem forças, tomada pelo medo do abandono. O segui ate o carro e entrei sem pronunciar uma única palavra, respeitava o silêncio, ou melhor, tinha medo do que não queria ouvir, rodamos alguns metros, as ruas já estavam escuras, e a situação insustentável. Ele cortou o silencio, em tom de ordem me disse para chupá-lo, sem pensar com o corpo trêmulo de desejo obedeci, abaixe-me no banco, sem ao menos olhar se alguém via ou não, minha única vontade era tocá-lo, satisfazer seu desejo. Servir como fonte de prazer pra ele. Foi maravilhoso diferente das outras vezes. Compreendi que não suportaria ficar sem ele.
Ele parou em um motel, desci e entrei sem falar nada. Naquele momento faria qualquer coisa que ele quisesse. Entrei e percebi que ele pegou uma frasqueira no banco de trás do carro. Mas não disse nada.
Quando entramos e ele me esbofeteou novamente agora com mais força, me molhei de vontade de entrega e com muito tesão, longe das pessoas, conseguia analisar e entender melhor meus sentimentos, uma sensação muito estranha invadiu meu corpo, no inicio senti o rosto arder dolorido, ai um sentimento começou a invadir meu corpo, mostrando-me que pertencia a ele, portanto isso lhe dava o direito de me agredir se assim quisesse. Ele acariciou meu rosto e ordenou em voz suave que tirasse o vestido, obedeci sem questionar, já tinha ficado nua tantas vezes na frente dele, mas nunca tinha sentido meu corpo queimar com seu olhar como agora, ele me examinou de cima em baixo, disse ao meu ouvido para me ajoelhar, ouvi dizer que ia tirar a “coleira de luxo”, porque agora eu ganharia uma “coleira caseira” e assim fez colocou-me uma coleira de verdade de couro preta.
Ele perguntou se estava disposta a entender o sentido da nossa comemoração, a transformação de uma mulher em uma kdela, informou-me que muita coisa mudaria, que ele só continuaria comigo, se eu estivesse disposta a encarar e aceitar essas mudanças, aceitar minha nova condição, nao mais de sua namorada, mas sim de sua escrava, sua kdela. Apenas balancei a cabeça afirmativamente. Eu escutava atenta tudo que me falava, como deveria me comportar,que deveria estar sempre disposta para ser usada por ele quando e como ele quisesse, não deveria questionar nenhuma ordem, obedecer sempre, ele não me devia fidelidade, o engraçado era que nada me chocava tudo parecia natural. Entre uma informação e outra perguntava se queria ir embora, ou se estava disposta aceitar. Eu sentia meu coração arder, nunca tinha sentido tanto tesão, percebi que estava muito exitada, tudo o que eu conhecia até então tinha perdido o sentido, a importancia. Seria o que ele quisesse sua escrava, sua kadela, não fazia diferença, compreendi que pertencia aquele homem de corpo e alma e nada fazia sentido longe dele.
{kcau.sub}_DNO


Um comentário:

  1. M emocioneiii com seu conto...
    Mto lindo, Vc consegue associar o BDSM com o romantismooo. Junção perfeita...
    bjus

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